sexta-feira, 30 de outubro de 2009

5ª Operação da 2042 Cmds

No Lutembo, um mês antes da fatidica emboscada
Na estrada entre Luvuei, e Lutembo 15 de Novembro de 1973
Estado em que ficaram sa viaturas, após a emboscada
Reforços chegados de Gago Coutinho, 2 horas depois, por culpa da Força Aérea
Depois da saída da 2041ªC.C. para a ZMN e concluída a instalação da companhia no quartel, deu-se uma nova saída na manhã do dia um de Novembro para a região do Lutembo.

Todos os grupos excepto o grupo de alerta e as equipas de defesa imediata, foram lançados de helicópteros nos dias um e dois de Novembro naquela região, a norte do rio Lungué-Bungo, para realizar a operação Martelada E/H. Sem contactos com o inimigo a companhia regressou ao Luso, no dia seis de Novembro.

Os dias de descanso operacional passados no Luso, começavam sempre com a cerimónia da Bandeira. Por vezes, para manter a forma fisica, a companhia realizava crosses até ao rio Luena que passava a sul da cidade. O treino de tiro quase diário era igualmente realizado nessa zona da cidade, numa carreira de tiro aí existente. Numa dessas sessões de tiro o comandante da companhia, capitão Cunha Lopes foi ferido na mão direita. Foi transportado ao Hospital Militar do Luso onde ficou internado.

O conhecimento da existência de um grupo numeroso de guerrilheiros do MPLA, que se movimentavam nas zonas do Luvuei, Lutembo e Gago Coutinho, desencadeou a operação Barbado E/H, sob o comando do capitão Ovídio Rodrigues, do CIC, que se deslocou por via aérea e se juntou 2042ª C.C. em Gago Coutinho.

Os primeiros quatro grupos a serem lançados no terreno, saíram do Luso na manhã do dia catorze de Novembro em viaturas auto para Gago Coutinho onde chegaram de tarde. No dia quinze de Novembro foram lançados de acordo com o plano da operação, três grupos nas zonas previstas, tendo ficado no quartel de Gago Coutinho o grupo de alerta e as equipas de defesa imediata.

Os outros dois grupos, o 1º e o 3º, saíram do Luso na manhã do dia quinze rumo a Gago Coutinho. Na estrada de asfalto que ligava o Luso a Gago Coutinho, próximo da povoação do Luvuei, um numeroso grupo de guerrilheiros do MPLA realizou uma das mais bem sucedidas emboscadas contra as nossas tropas, não só pelo número elevado de mortos e feridos que nos infringiu, mas também pelos estragos causados sobre o material. A posição mais que passiva do comandante da esquadrilha de helicópteros bem como a reacção estranha de um dos dois pilotos de T6 que levantaram do Luso, fez dos operacionais destes dois grupos combatentes heróicos. Contra um inimigo em muito maior número e detentor da surpresa, bem posicionado, com um potencial de fogo elevadíssimo e que dispôs sempre do controlo da situação, foram capazes de empreender a reacção à emboscada de modo a alterar os seus propósitos, repelindo-o ao fim de quase uma hora de combate. Quando o grupo de alerta e os operacionais pára-quedistas chegaram ao local em viaturas auto, já o inimigo tinha retirado com um morto confirmado e um elevado número de feridos. Os nossos cinco mortos e quinze feridos graves foram evacuados para Gago Coutinho e daqui para o Luso. Apesar da heróica reacção, teremos vivido o dia mais amargo de toda a história dos Comandos Portugueses. Esta emboscada, fez abortar a operação Barbado E/H, tendo os grupos que se encontravam no mato sido recuperados de imediato para Gago Coutinho. A companhia saiu nessa noite de Gago Coutinho, pernoitou na unidade militar do Luvuei e seguiu para o Luso no dia dezasseis de Outubro, com pesadas baixas e poucos resultados.

Considerando as baixas sofridas nesta emboscada e a falta de comandante de companhia, alguns responsáveis militares colocaram a hipótese da sua dissolução e distribuição por outras companhias. A nomeação para comandante da companhia, do tenente comando Isaías Pires, no dia sete de Dezembro de mil novecentos e setenta e três, fez cair a ideia de dissolução.

3 comentários:

ComandoFerreira disse...

Amigo Rubim:
São histórias como estas (que não são histórias )que fazem a união dos comandos.Eu não tive a experiência da mata ,das operações dessas emboscadas pois como sabes estive no CIC e fazia uma operacional quando acabava cada curso.Claro que iamos sempre com um grupo operacional ,mas esses 3 dias para mim com pouca experiencia na mata eram 3 meses!!!!
um abraço

Armindo Ferreira

gilfigueiredo disse...

Estive no luvuei e lutembo de abril 72 a outubro 73,daqui fomos para o caxito. tivemos conhecimento do ataque que sofreram, mas não da forma permenorizada. de facto, sabiamos da existência de um grupo do M P L A com aproximadamente 95 homens que andava num raio de acção de 100km com epicentro lutembo.em dezembro de 72 fomos atacados no lutembo o inimigo usou pela primeira vez em Angola misseis.caíu um junto ao arame farpado que fêz uma inorme cratera. a muniçao do missel tinha qualquer coisa como 1200mm de commp. por 150mm de diâmet.Não sabiamos de que arma se tratava e foi ocomandante do lucusse que a identificou. cumprimentos

Manuel Aldeias disse...

A minha homenagem aos heróicos combatentes da 4042ª Comandos. Na altura estava no norte de Angola e tive noticia desses acontecimentos como relatarei em:
http://manuelaldeias.blogspot.com/